domingo, 27 de setembro de 2009

Até hoje...

Já fui menina de sonhos. Menina que saltava e pulava a rir e a sorrir. Cantava e dançava inocentemente, fingia que ninguém me via, julgava-me transparente. Passava pelas pessoas, com os meus vestidos cor-de-rosa, com os meus lacinhos e ganchinhos, e toda a gente gostava da minha boa disposição. Mais tarde, passei a “Pop Star”. Admito, tinha a mania. Todos me conheciam, era “popular”. Enchia-me de cores, por vezes, ridicularizava-me. Amava ser original, e dizia a todos os outros que eram iguais. Partidas era o meu passatempo. Jogava joguinhos que não faziam sentido. Não dava valor a uma pulseira ou a um anel. Era só um bocado de algo. Perdi a inocencia. Depois o meu primeiro namorado. Se é que se pode chamar de “namorado”. Desfilei em frente a toda a gente, dancei em frente a toda a gente, cantei, declarei poemas. Comecei a valorizar a vida. A ser mais “eu”. Depois, nova escola, nova vida. Ali, NINGUÉM sabia quem eu era, quanto muito, uma pessoa sabia o meu nome. Ali, era uma nova história, onde podia ser quem eu decidisse, eu podia escrever aquele livro. Mas, facilmente percebi que não era tão fácil como estalar os dedos. Mais um namorico aqui e ali, nada de muito importante. 6º ano e já fazia a diferença. Amizades importantes. Depois o grande “problema” naquele livro. Aquele miúdo... Aquele problema que eu gostava tanto. Aqueles jogos de palavras, aquela noite, aquelas estrelas, aquela Lua, aquele sentimento. Isso não era nada, comparado ao que estava para vir... Depois chegou a liberdade, chegou a responsabilidade, chegou o Verão e as coisas mudaram, uma espécie de furacão que entrou no meu coração, desenhou tudo o que queria, virou tudo o que pôde e fugiu. E agora, agora nem tenho a certeza de quem sou nem de quem quero ser. Fiquei a olhar para o vazio. Já fui tanto e tão pouco. Hoje dou valor a um gesto. “A uma pulseira ou a um anel”... Hoje sei que desistir não vale a pena, que o que conta é o sentimento.

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